Úlcera de córnea em cães e gatos

Conheça os sintomas da úlcera de córnea em cães e gatos, suas formas de diagnóstico e tratamento

Por Eduardo Toshio

Você deve saber o quanto incomoda quando um cisco cai em seu olho, certo? Imagine, então, que o seu olho sofra um ferimento, tornando a situação ainda mais grave e dolorosa. É justamente este evento que chamamos de úlcera de córnea em cães e gatos, que consiste em uma lesão na superfície ocular do animal. Corretamente chamada de ceratite ulcerativa, as úlceras de córnea apresentam vários tipos, classificadas didaticamente segundo a gravidade, extensão e profundidade da lesão.

A rotina da oftalmologia veterinária destaca um número muito alto de casos de pets com algum tipo de irritação ou machucado nos olhos – como a úlcera de córnea em cães e gatos. Então, ter conhecimento sobre esta doença é de extrema importância para que o tratamento correto seja instaurado o mais rápido possível; a fim de evitar danos que, em alguns casos, podem ser irreparáveis na visão de nossos bichinhos de estimação.

Algumas raças visitam mais rotineiramente o oftalmologista veterinário, como as braquicefálicas – daqueles cachorrinhos e gatinhos de focinho curto e olhos muito saltados e proeminentes, como os cães Shi Tzu, Lhasa Apso, Boxer e os gatos Persa, entre outros.

Esses pets, por apresentarem os olhos mais expostos, contam com uma predisposição maior para qualquer trauma ocular – seja causado por algum fator externo, como uma briga; ou por autotraumatismo, como quando o animal coça o próprio olho por estar irritado. Por isso, vemos muitos cães com aqueles famosos “abajures” na cabeça, que são colares protetores usados para evitar essas lesões.

Um ponto importante que não costuma receber a devida atenção é o grupo de pets chamados de lagoftalmos. Como assim? O que é isso? Explicamos: o termo lagoftalmo é utilizado para os pets que não conseguem fechar totalmente as pálpebras. Parece esquisito, mas alguns desses braquicefálicos (que acabamos de explicar acima) possuem um olho tão proeminente que as pálpebras não conseguem os cobrir totalmente, causando ressecamento e tornando-se um fator importante para causar uma lesão.

 

O Shi Tzu, por exemplo, é um bom exemplo disso e, ao vê-lo dormindo, verifique se os olhos estão totalmente fechados. Às vezes, as pálpebras não fecham totalmente enquanto dormem, consequentemente, levando a um ressecamento na superfície do olho e causando as úlceras de córnea.

O trauma é uma das mais frequentes causas para o desenvolvimento da úlcera de córnea, podendo ser ocasionado por um objeto batendo no olho, por exemplo, ou uma briga. Também vale citar entre as causas do problema: produtos químicos como alguns xampus, alterações na pálpebras ou nos cílios, infecção bacteriana, ressecamento do olho e a infecção por alguns vírus, como o da Cinomose nos cães e o Herpesvírus nos gatos.

Sintomas da úlcera de córnea

O sintoma clínico mais facilmente reconhecido pelos proprietários é a dor ocular, chamada pelos veterinários de blefarospasmo. Mas o que é isto? É o simples ato de o pet ficar piscando muito ou nem consegue abrir o olho machucado.

Outros sinais que normalmente acompanham a úlcera de córnea são lacrimejamento excessivo (parece que fica chorando de tanta produção de lágrima), coceira nos olhos, secreção ocular (as famosas “remelas”), vermelhidão em volta dos olhos e a córnea fica mais esbranquiçada.

Resumidamente, o que podemos dizer para você, que é dono de um pet, é que a úlcera de córnea muda o olhar do seu cão. Portanto, ao perceber que algo mudou, leve-o rapidamente ao seu veterinário; pois, pode ser uma lesão na córnea.

Diagnóstico da úlcera de córnea em cães e gatos

diagnóstico das úlceras de córnea é baseado nos sinais clínicos mencionados anteriormente, acompanhados de alguns exames específicos, mas realizados num atendimento clínico normal. Esse tipo de exame é muito importante de ser feito, já que a córnea é sede de vários tipos de lesões, que podem ser muito parecidas entre si e; então, saber diferenciar os problemas é de fundamental importância para o sucesso do tratamento.

O teste mais famoso para se detectar uma úlcera de córnea chama-se teste de fluoresceína, que usa um corante para gerar contraste na área lesionada, deixando-a com uma cor verde fluorescente, facilitando a sua identificação uma vez que a córnea é transparente.

Normalmente, as úlceras de córnea são superficiais; porém, alguns fatores podem levar a um agravamento, tornando a lesão mais profunda e grave, com risco de perfuração. Conforme citado, a córnea é transparente e, como a lesão superficial também é, fica difícil identificar um machucado na córnea sem os corantes adequados.

Por outro lado, se for possível localizar a lesão e enxergar a sua profundidade sem a ajuda de equipamento algum, isso certamente já indica uma lesão mais grave e que merece bastante atenção. Fique atento.

Tratamento da úlcera de córnea

O tratamento das úlceras de córnea depende de inúmeros fatores, por isso, somente o médico veterinário será capaz de escolher o mais indicado para seu pet. A extensão e aprofundidade da lesão, o tempo de evolução, a presença ou não de infecção, a raça e a idade do pet, tratamentos anteriores, tipo de bactéria, presença de outras doenças associadas e custo são os principais fatores levados em consideração para a escolha do tratamento.

E referente a isto, existe o tratamento clínico, que utiliza, basicamente, uma associação de antibióticos e anti-inflamatórios administrados sob a forma de colírio, além de medicamentos via oral. E em casos mais graves, indica-se tratamento cirúrgico para proteção da lesão ou até mesmo a reconstrução da superfície corneana.

Outro ponto importante é o tempo em que o tratamento correto é estabelecido. Vale o velho jargão: “quanto mais cedo melhor”, pois, quanto antes o diagnóstico e o tratamento forem realizados, melhores serão os resultados. E isso é fundamental no tratamento oftalmológico, já que; se for tratada muito tarde, a lesão pode piorar, infeccionar e – em casos mais graves – até mesmo evoluir para uma perfuração corneana com riscos de que o animal venha a perder o olho.

Portanto, agora que você sabe um pouco sobre úlcera de córnea, já reparou nos olhos de seu pet? Comece agora mesmo. E se notar qualquer mancha, secreção ou desconforto, leve-o para seu veterinário de confiança examinar, pois, ele é a pessoa mais indicada para isso.

Fonte: Site Cachorro Gato