Tutora de pet também é mãe?

Por ocasião do Dia das Mães, preparamos um conteúdo que suscita reflexão sobre algo que divide opiniões: afinal, tutora de pet também é mãe?

Histórias que se entrelaçam

Cíntia Silva adotou Bilu há 6 meses. O tempo relativamente curto não é termômetro para verificar o tamanho do amor que a técnica de enfermagem sente pelo cão. Uma história que iniciou com semelhanças entre ela e o cachorro já que, anteriormente, ambos passaram por perdas.


Quando Bilu foi morar com Cintia fazia 10 meses que o pai dela havia falecido. Estava muito difícil lidar com a ausência paterna e com um problema de saúde que a acometera no mesmo período. Antes da chegada do cachorro, por dias a fio, ficava sozinha em casa, sem compromissos ou obrigações.


Já o pinscher também conviveu com mortes. Primeiro foi a tutora e depois a mãe dele. Quando a ex-dona morreu, a casa onde Bilu morava com a mãe e o irmão dele foi arrombada e os cachorros foram roubados. Bilu e a mãe foram recuperados, mas a cadela foi morta por outros cães.


Fatos tristes, mas que desencadearam na adoção. Cíntia, que não queria despender tempo com o cuidado de um animal de estimação e também tinha ressalvas em relação à sujeira produzida, se compadeceu com a história e resolveu ficar com Bilu. Ele também adoeceu e toda a família de Cíntia precisou se envolver no cuidado do pinscher que só melhorou depois de receber atendimento veterinário na Clínica Espaço Animal.

Cíntia e Bilu: relação de amor

Também em razão da enfermidade de Bilu, a técnica de enfermagem e o companheiro foram morar juntos e hoje o cão é o xodó da casa. “Eu sou a mãe dele, pois tenho compromissos e rotinas com as quais me envolvo em razão dele, sem falar do amor. Amor pelo que ele representa para mim, amor pela forma que ele transformou os meus dias e a minha vida”, afirma.

Opinião de especialista

Cíntia acredita que mãe de pet pode ser considerada mãe, mas reconhece que é necessário ter ciência de que são maternidades diferentes porque as proporções de cuidados e deveres são distintas. É a mesma linha que defende a psicóloga Jéssica Machado, tutora de dois cachorros e mãe de uma criança de 3 anos e meio. Segundo a especialista, é complexo comparar a maternidade entre humanos com a que se estabelece com os bichos. Ao colocá-las sob o mesmo prisma, perde-se a essência de cada uma delas. “A responsabilidade social de educar e garantir a sobrevivência de outro ser humano é uma obrigação muito grandiosa”, assegura.


Apesar disso, não considera que a figura materna esteja relacionada unicamente a uma questão biológica, pois é um papel ocupado por quem se dedica a cuidar e garantir segurança e proteção. “Com a pluralidade de dinâmicas familiares atualmente, o pet é fonte de acolhimento e amor. Portanto, creio ser simbólico e afetivo referir-se à tutora como mãe, pois é responsável pelo cuidado e proteção de alguém além de si”, explica.

Novas opções de vida


A psicóloga também pondera que outro fator que corrobora para esse sentimento de maternidade abrangente é que muitas pessoas optam por não ter cônjuges e/ou filhos, o que contribui para ver no animal um sinônimo de companheirismo e amor mútuo. “Temos certeza de que os pets podem nos garantir esses e outros tantos bons sentimentos e as pessoas estão cada vez mais sedentas disso”, conclui.


Sabemos que a maternidade transcende o gênero designado em nosso nascimento, além de haver pais que são mães. Acreditamos que quanto mais amor melhor, não é mesmo? Busque manter em seu cotidiano gestos que suscitam amor seja sendo mãe de pet, mãe de gente, não sendo mãe. Enfim, sendo presença significativa, empática e sensível à realidade do que se passa diante de você.